Cor, Alegria e Amor

Que a sua vida tenha cor, alegria e amor.

Entre, "sinta-se" e descubra quanta cor há em você!

segunda-feira, 30 de setembro de 2013

Devolva-me

Em clausura, minha mão repousou sobre meu peito para segurar a dor. O bandido ainda pulsava teu nome e a minha pele ainda exalava teu perfume. Você sempre fica.
Entre esperanças postas feito bandeiras, meu território de sonhos brotavam nossas mãos dadas pelas ruas.
O meu riso, que era tão seu, bastou ao amanhã. Tropecei nas minhas artimanhas de brincar de te fazer feliz. Fui querendo teus sorrisos e fabricando teus amanhãs. Me enrolei num céu de estrelas que eu mesma pintava para te dar.
Me desertei quando deixei fluir em mim teu olhar solitário e tua alma tão só.
E enquanto você me devolvia, eu voltava para mim mais cheia de nós. Voltava a tecer teus dias floridos de paz e muita luz.
Mas, da cumplicidade dos nossos corpos e da intensidade que você ainda não sabe o que fazer, eu me encho e me retalho de histórias que acertam lembranças. Não eram lembranças que eu esperava de um amor que só pode ser desta vez.
Meu gesto, meus olhos e todo meu resto ainda têm o teu jeito. Mas da vida que não para, aprendi que, de fato, "é" aquilo que desejamos "ser".

Débora Andrade

domingo, 29 de setembro de 2013

Setembro

Setembro nos entregou um para o outro. Aprontou com a gente. Nos colocou cara a cara com nossas verdades e com o medo de perder.
Quando já não era, estávamos entregues e cheios de chão. As flores estiveram pelos nossos caminhos. E do silêncio entregue, dos gestos confessos, as palavras começaram a nascer sem som, dando vozes às pontas dos dedos. Nasciam poesias das nossas mãos. Brotavam bilhetinhos de amor nos bolsos.  Os versos embolavam as rimas em nossos colos. 
Reticentes ao tempo. O mundo parou em setembro. E era ali, entre o céu e a terra, entre o sol e a chuva, entre o estrada e as flores, que nascemos e morremos, aprendendo a renascer um para o outro. 
Qualquer quando, quando qualquer tempo... Era o tempo de nos darmos inteiros, sem pensar em contestar um mundo que existia além de nós. Trazíamos setembro para dentro do peito, junto com a primavera que se inventa e se realiza através de um amor que periga renascimento todas as vezes que partimos em direção contrária. 
Débora Andrade


segunda-feira, 9 de setembro de 2013

Em Tom de Despedida

Silenciei os tons e dei calma ao olhar. Desacelerei o compasso. Respirei fundo para relembrar os suspiros. Premeditei o segundo passo. O primeiro sempre é em sua direção, mesmo que seja para o adeus.
Perdi o chão para reencontrar o céu. E isso aconteceu todas as vezes que segurei sua mão. Dos meus tantos sonhos fabricados incansável e diariamente, você chegou pronto. Mas, daqui, bem de perto desta bola cristal que insiste em acertar as previsões, já constava um final sem precedentes.
Esperei sem querer. Emoldurei um quadro com a foto que nunca existiu. Li e reli suas palavras, algumas com tom de desabafo, outras, em tom de desespero. Ofereci ajuda, minhas mãos, meus olhos, meu coração. Afirmei todas as possibilidades. Disse para não ter medo. Para acreditar. Para pular que eu estava do outro lado. Mas, sempre o "mas".
Coloquei uma música em tom de despedida. Ela está repetindo pela trigésima vez. Enquanto isso, penso numa carta de despedida e desisto. Desisto da carta e da despedida. O fim acontece por si só. Como este que já aconteceu por aí e você insiste em cegar os olhos.
Me acostumei a renascer. Amanhã, o Sol vai nascer outra vez. Assim é todos os dias.

Débora Andrade


segunda-feira, 2 de setembro de 2013

Seguindo...

Cria-se espaço, ausência. Enquanto lateja insensata a saudade, a gente teima e procura por algo que acalente esta dor aguda de quem parece ter sido esquecido, deixado para trás.
Deixe todas estas nuvens pairar outros sonhos. Há quem não suporte o poder das asas. Cria abismos só para olhar a profundidade do chão. Não ousa um passo a frente. Passarinho criado em cativeiro, sem honrar o valor do vôo.
Há quem ensaie a vida o tempo todo. Escreve rascunhos dias e noites e lança mão da sorte, esperando que os ventos mudem o rumo das velas.
Há quem olhe para trás sem sonhar o que vem adiante e se afasta do presente. Há quem nem note o presente que o futuro é.
Sente, demasiadamente. Tem o peito a pulsar versos de amores e entre eles, sempre um "mas", a revogar os sonhos. A suspender o vôo.
Entendo. Compreendo. Não questiono. Não questionarei.
Mas à mim, a vida deu o dom da poesia. Eu sonho com o amor, eu vivo com alegria. Eu garanto dias de cor, de alegria e de amor. À mim e a quem vier. E, embora eu te espere, só por tanto te querer, aprendi a entender as entrelinhas. Não voa quem não salta.

Débora Andrade


domingo, 1 de setembro de 2013

Isso Tudo Que Não Se sei Dizer

Ensaiamos o salto. Nosso olhar já era cúmplice de um futuro cheio de vôos. E o vento já soprava uma brisa de amor constante. Algo que tentamos rejeitar e que renasceu todas as vezes que o matamos. Algo que o abismo deu asas e sempre voltava regenerado, rumo ao céu.
Jardins nascidos no outono. Cultivo. Cuido. Prospero. Observo. Analiso. Volto a cuidar. Espero pelas rosas que se abrirão na primavera.
Dentro dos abraços, criamos nossa atmosfera mágica, onde todo o brilho do nosso olhar desenhava nosso céu.
Nossa fuga sempre levou um ao outro. E viajamos para dentro de nossas almas. Estreitamos os nossos sons. Expandimos as nossas rotas. Transformamos nosso mundo. Acreditamos na conspiração do Universo.
E teu amor me devolve. E o chão que eu perco todas as vezes que te beijo,  ganho todas as vezes que seguro tuas mãos.
E tantas outras coisas, distantes de promessas e tão próximas de realizações, não sei nem dizer do tanto que coloro de alegria os nossos dias. Teremos cor, alegria e amor.

Débora Andrade