Cor, Alegria e Amor

Que a sua vida tenha cor, alegria e amor.

Entre, "sinta-se" e descubra quanta cor há em você!

domingo, 24 de agosto de 2014

Cansar não é Desistir

Sofro de um mal constante e incurável: - Penso! E nem tão logo existo. Nem rimo tão fácil. Nada do "desisto".  Ah, esta mania de insistir nas rimas assimétricas e dissonantes. Este é outro mal: estou sempre ocupada em tentativas infindas. Já tentei, também, aprender a desistir. Mas, ainda estou tentando. Amor rima com alegria. Com a dor, não. Insisto. Outra vez. Amor é bom.
Passo horas analisando situações da vida (a minha e também da vida alheia) na tentativa de entender: o ser humano, os caminhos traçados por nós e os destroçados pelos outros, o céu, as cores, os girassóis, as canções, a vida! Em algum momento dela (às vezes, em muitos),  permitimos a perda do controle e, sem perceber, assumimos nossa fragilidade tão humana e cedemos. À algo tão mais forte que tantas imposições externas e à alguém tão mais poderoso que mora dentro da gente (um eu desconhecido em reconhecimento - coração, talvez). Cedemos à nós mesmos. É tanto "tem que" e a gente se perde entre invenções e convicções sobre certo e errado,  quando tudo só deveria ser, sem rótulos e fórmulas prontas. E assim, deixamos passar o tempo, a vida, as oportunidades, as pessoas. E depois,  reclamamos que a vida não foi generosa.Trouxe o que pedíamos na hora errada, do jeito errado, com mil complicações e dificuldades. Não foi justa e nem nos ajustou. Deixou correr frouxo o destino. A gente só queria sentir vida! Destas que queimam por dentro e despertam um brilho extra no olhar. Só que o medo gela a mão e, então, a gente solta. E volta a se amarrar nas mesmices dos dias cinzas pra depois exclamar, suspirando: - Foi melhor assim! Ou: - Tinha que ser assim. Das culpas que nos livramos, as altas sempre vão para a conta do destino. Nem por isso, deixa de doer. Aí a gente contorce o corpo porque o coração parece não caber no peito e se encolhe na sombra. A gente se esconde da gente, com vergonha do espelho. Perde o caminho e força o passo nas estradas vazias e, já sem fôlego, agradece pelo que restou. Tem gente que passa a vida agradecendo por tudo que não viveu, só para economizar as emoções e tinta de caneta.
Ao medo, um mal que não sofro, devo mais respeito. Se me permitisse este limitar, carregaria algumas feridas a menos e mais histórias amenas. Ainda estou tentando entender. Deixando o tempo passar: é o que o tempo faz. E deixando renascer o amor que cura.
Me canso. Só não desisto.


quinta-feira, 21 de agosto de 2014

Implodir / Construir

Das expectativas desconstruídas, os sonhos em implosão.  Estranha é a sensação de sentir os tremores internos: você suporta um absurdo barulho e submerge no seu silêncio forçado. O grito perde a força. E os versos mudam: - Emudecem. Arranham a voz, forçando os olhos, confundindo as retinas. Deve ser a poeira dos escombros: um insulto às lágrimas.
Passou, talvez, amanhã. Mas, dos tijolos, colocados um a um, mesmo que não tenham visto, há outras digitais. Eu vi. Não chegaria tão alto sozinha.
Cuidadosamente, dei asas sem forçar os vôos.  Sempre tendenciei o gosto por projetos audaciosos. Tudo é além quando se emprega amor.  Amor? Sempre acreditei. Era a motivação.
Ecoa aqui, neste vazio, as palavras e canções. Vão e voltam quando eu ainda nem fui. Parece que este abismo eu não saltei. Engoli. Parado, ali, entre a boca e a garganta, feito grito preso. Feito dor que não me alcança.
Apenas esta dose, nenhuma mais, deste dissabor. Porque a vida, como eu gosto, é de renascer.  De reconstruir. E é sublime quando o caminho nos oferece a oportunidade de se restabelecer. Você vela a dor, morre um pouco, sucumbe a tristeza e volta a olhar o céu. Não tem mais poeira dos escombros. Olha outra vez e, o que há, é uma grande área, toda sua, pronta para a nova construção.

Por enquanto, não aceite ajuda com os tijolos. Mas, só por enquanto. 
Débora Andrade

quinta-feira, 14 de agosto de 2014

Para Sempre

Um espera com tempo determinado. A gente espera o sonoro primeiro choro como se aquele monte de ar que entrasse pela primeira vez nos seus pulmões, fosse o mesmo ar que te retirasse daquela vida entulhada de pendências emocionais. Por mais que a maturidade repentina e a sanidade à fórceps latentes e repentinas te façam, te refaçam para te manter de pé, as muitas horas daquela espera causaram um buraco enorme naquela alma que acreditava conhecer o céu, tapeando seus abismos. Ninguém é forte o tempo todo. E a verdadeira força,  mesmo, a gente vai conhecer quando alcança o o sombrio da gente, olhando sempre para o alto, acreditando naquela luz que, talvez, só seus olhos enxergam. E, embora doloroso, não é difícil perceber que o arco íris vai colorir o céu, logo ali na frente.

As lágrimas percorreram pela face, até encontrar o ouvido. O mesmo que ouvia aquele chorinho doce e forte. No coração, dentre tantas emoções encrustadas, enrustidas, próximo do choro preso, uma indescritível alegria misturada a um amor desconhecido que vislumbrava ali um mundo diferente. E para quem sempre nasceu e renasceu, percebeu então que, deveria morrer em partes, sem renascimentos. Porque dali em diante, teria uma parceria vindoura a qual dedicaria todos os seus versos e aprenderia, dia a dia, o valor da vida de forma diferente. Se arriscaria menos, porém, ousaria ainda mais pela felicidade alheia. Preocupou-se em frações de segundo com a saúde, com o passado ainda vivo feito espinho, com o futuro, com exemplos, com histórias pra contar, com explicações a dar, com os caminhos que a vida vai mostrar, com as escolhas, com o medo de partir sem se deixar... E nosso choro durou quase 15 segundos. Depois nos olhamos e sentimos o ar quente das nossas narinas. Entendemos naquele silêncio branco que, éramos uma, até sermos mais. E que a coragem nos era inerente e pertinente. Choramos, mas seguimos em frente. E agora, com um "para sempre" sem ser conto de fadas.

Chegou, em meio aos tumultos internos, desabrochando em mim a paz que precisava.

Débora Andrade