Pipa voa contra o vento. E todo voo é recomeço.
Frágil com seu corpo de papel de seda e taquara, ela voa
vaidosa, enfrentando as tempestades dos céus. Não empina com brisa.
Cresce e sobe para descobrir em cada vento contrário uma
oportunidade de voar mais.
Pinta os céus com suas cores e segue, dando
voltas suaves como se tivesse a sabedoria de ver lição nas dificuldades.
Ela baila pelos céus e conquista o azul, toca
as mãos do Sol e retorna. Se recolhe na aurora das tardes, longe das alturas e
contempla a terra. Amanhã sabe que o Sol lá, outra vez, estará. E volta a pipa,
nem sempre na mesma trajetória, mas sempre alegre e disposta a ganhar a
imensidão dos céus.
Deus dá às pipas um céu imenso só porque sabe
que existe nelas, mesmo com seu corpo frágil, a condição de conquistá-lo.
Débora Andrade