Se então pudesse escolher um poder, pediria o de apagar memórias. Assim, poderia rasgar todas as cartas e bilhetes e, junto delas, toda lembrança inútil de beijos e abraços. Mesmo que em vão, ordenaria aos rádios e programas de tv que não tocassem mais as nossas cações e lançaria pela janela nossas trilhas sonoras, que compuseram alguns dos nossos caminhos.
Apagaria lugares, cheiros, toques, sensações e esta história.
Velaria por uma única noite, nossa imagem estática, feito foto, nos tantos abraços apertados e no silêncio mudo das milhões de palavras que nasciam no meu peito quando encontrava o teu. Viveria o luto deste enredo só meu, para me livrar do peso constante das tuas tantas mentiras.
Só que o tempo, nada generoso comigo, me concedeu o poder da saudade. Me deixando apenas com o barulho do relógio me contando que amanhã, ainda, é pouco tempo para que eu esqueça sua voz e viva a minha vez.
Mas o tempo ainda segue feito o mundo e a vida, em círculo. Hoje, eu, meio dia. Amanhã, eu, meia noite.
E adormecendo vão as memórias.
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