Éramos mais do que deveríamos ser. Mais que poderíamos ser. Mas, éramos nós. Misturados um ao outro, tornando a vida além.
Acreditei em todos os teus sorrisos e, por isso, me permiti viver fora das minhas margens. Tua face iluminada de riso traduzia bem o efeito que
nossa presença exercia um sobre o outro.
Eu li confissões nos teus olhares. Eu me permiti vivenciar tuas emoções expressas em todos os abraços duradouros e confortáveis. E quantas vezes eu bebi palavras de afeto e ternura no gosto da tua boca...
E parecia que, então, permitíamos o amor dentro e fora da gente. Cercados de silêncios e de sons, coberto por céus esperançosos e embalados por uma liberdade que parecia nos entrelaçar. Nossa presença parecia somar sonhos do mundo inteiro. E cabia bem dentro e entre nós. Quase um vício.
Eu li confissões nos teus olhares. Eu me permiti vivenciar tuas emoções expressas em todos os abraços duradouros e confortáveis. E quantas vezes eu bebi palavras de afeto e ternura no gosto da tua boca...
E parecia que, então, permitíamos o amor dentro e fora da gente. Cercados de silêncios e de sons, coberto por céus esperançosos e embalados por uma liberdade que parecia nos entrelaçar. Nossa presença parecia somar sonhos do mundo inteiro. E cabia bem dentro e entre nós. Quase um vício.
Você me trouxe amor em forma de beijo, abraço, música,
flor... Em forma de cartas, de bilhetes nos bolsos, de estradas, de sorrisos
fáceis, de gargalhadas... Você me trouxe amor em pedaços, feito quebra cabeça,
cada vez que parecia abrir a porta cerrada do teu mundo. Trouxe-me amor em forma de “bom dia” e “boa
noite”, em cada vez que, antes de dormir
ou na hora de acordar, me demonstrava o desejo de enfeitar meu dia com tua
presença.
Você me trouxe amor
em forma de recomeço, toda vez que me convencia com teus olhos que era daquela
vez que você conseguiria, enfim, viver uma vida sua, do seu jeito.
Trouxe-me amor em forma de tropeço todas as vezes que você
quase caía e contava comigo para se levantar ou, apenas rir do tombo com você. Éramos "par", parceiros, companheiros.
O amor veio com você em tom de novidade, de desespero, de
sede da presença, de calor do corpo, de corpos envolvidos, de almas em
sintonia. Era um amor com sabor de ponto final, mas, você degustava comigo as
reticências. Incentivava e criava novos parágrafos, sempre distante do fim.
Você me trouxe um amor que não coube só em mim e devastou minhas
impossibilidades, gerando em mim, nova vida.
Eu acreditei em todos os sinais. Em toda persistência: da
vida, dos acasos e, principalmente, na sua.
E hoje, ainda tão perto de um fim sem desfecho, cubro esta
ferida exposta, ainda sangrando; engulo minhas palavras de dor e, sem poesia,
escrevo esta última crônica de nós, em busca de perdão.
Eu me perdoo. Me perdoo por ter me deixado amar. Por ter me
permitido viver este amor sem rumo. Me perdoo por ter acreditado neste amor que
me trazia, leve e bordado com estrelas.
Me perdoo por trair minha intuição quando preferi acreditar
no teu desejo de mudança e de vibrar uma vida bem junto à mim. Eu sentia o
cheiro de vírgulas e ponto final na tua covardia.
E eu te perdoo. Pela tua falta de tato, de prumo e de
consideração. Pela tua covardia em não dizer o que era, de fato. Perdoo por me
fazer acreditar na verdade de tuas letras e na doçura dos teus garranchos que confessavam a alegria da partilha de uma vida entre nós dois. Te perdoo pelos
beijos sinceros, pelos abraços de oito minutos, pelo Sol que nascia às sete da
noite, pela euforia do teu corpo junto ao meu, pela alegria de perpetuar tua
vida em mim...
Eu te perdoo pelo vinho entornado, pela ardência da nossa
pele... Te perdoo pela falta de valentia e de fé em si mesmo... por me dizer que o amor foi feito para mudar
direções e, ainda assim, não mudar a sua. Te perdoo por ter escolhido, mais uma vez, ser
um troféu.
Perdoo por ter sido o homem dos meus poemas, mas, não ter a
coragem de me dar adeus. De escrever nossas últimas linhas, em dissonância com minhas mãos. Mesmo que o caminho não fosse lado a lado. Seria de bom tom para quem falou em amor, saber terminar com amor, ainda que não fosse aquele de desejo. Que fosse o amor de duas almas que se encontraram tantas vezes nos sonhos em busca uma da outra.
Te perdoo pela confusão, pela tamanha dor causada por ela.
Enfim, eu te perdoo por todo o resto e também, pelo que ainda virá.
Eu te perdoo para conseguir me perdoar. E só assim, ter o
fim na mão. Mesmo sem explicação.
Débora Andrade
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