É...
Na tentativa de me organizar, criei em mim compartimentos
com a finalidade de separar as coisas. Como quem arruma livros numa prateleira,
se organizar de forma com que, ao me procurar, eu me encontre, sem te
encontrar.
Mudei, quase muda, para o definitivo de mim. Cortei minhas
raízes reticentes, ponto a ponto, me punindo das lembranças.
É... É mesmo tudo aquilo que parecia ser. Rasgando o peito,
queimando as veias uma saudade sem dono. É... tudo aquilo mesmo. De ter o céu
mais perto da gente, de sentir uma euforia dos pés a cabeça toda vez que sente
o tom da voz ou num simples toque.
É... um hiato numa história que parecia sem fim. E um filme
reprisado no fechar dos olhos que reverbera na parede do estômago, meio com
medo de voar feito borboleta. É... uma dor profunda, sem horizonte, sem amanhã,
com interrogações e afirmações sem peso. É um tanto de coisa que poderia ser e
não foi e a latente, recorrente e perigosa expectativa do que pode vir a ser.
É... tudo aquilo que parecia verdade e, talvez seja.
Misturado num medo de superar as frases e as letras que se foram, pela dúvida
da próxima crônica. Numa constante ligação, mesmo por hífen, só porque é bom
sentir certa proximidade, mesmo que seja o nó.
É... um tempo a desvendar os porquês. Um porquê meio bobo,
tipo o que tenho todas as vezes que passo bom tempo falando sobre coisa
qualquer e ouvindo sobre coisa nenhuma e isso ser tão bom e parecer tão
importante. Um porquê quase místico sobre estes dos sonhos que insistem na imagem
que já deveria ter passado, ser passado.
Me organizei, na tentativa de criar finalidades e ainda
guardo lembranças na expectativa de pontuar um fim.
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