Faço como outono. Deixo ir com o vento as folhas secas.
Respiro e me devolvo o ar. Dos galhos, um mundo a cair.
Há um universo novo a brotar. Há amor.
Sem demora. Conto horas.
Deste desespero em pressa,
Peço alento ao tempo:
- Hoje. Flores. Cores. Amor. Já.
Ai, este fragmento denso que carrego no peito:
- o silêncio.
Tardando as horas destes ventos que sopram o que não precisa ficar.
Atrasando as flores que não dependem de estação.
Abrasando o colo vazio e ausentando abraços.
Calo sonhos de amanhã.
Entalados na garganta.
Cegos de razão.
Mudos.
As flores não precisam de estação.
Viver, é só viver.
Débora Andrade