Cor, Alegria e Amor

Que a sua vida tenha cor, alegria e amor.

Entre, "sinta-se" e descubra quanta cor há em você!

terça-feira, 25 de junho de 2013

O Amor

O Amor

Tem amor que nasce sob sol e entre lençóis, processando suas descobertas sem delicadeza e procura entre os corpos as formas de laços, enforcando os nós. 
Amor em versos é só retaliação. É uma tentativa, já morta, de prosa. Vira poesia e voa. A poesia tem asas. O amor, também. 
Nota-se certo egoísmo na boca quando se reclama a falta. O amor, em sua falta, é egoísta. Ele aproxima bocas transformando-as em beijos tácitos.
O amor, talvez sejam promessas ditas entre olhares, sem nenhuma palavra pronunciada. Promessas nascidas do desejo e do bem querer. Do incitar aqueles tantos sorrisos que enfeitam as ruas por onde outro passa, mesmo que você não esteja por lá.
No amor, percebe-se uma exímia entrega despretensiosa que cria asas, voando céus findos, colorindo montanhas e mares. Guardando segredos entre as mãos e abraços. É um depois em desacordo com o tempo, porque se esquece das horas.
É, talvez, dormir e enxergar tua face, feito luz, brindando sonhos antes tão sós.
É salivar o teu gosto de cor.
É soltar para que outro salte além daquilo que sempre foi. É tentar, atentar e desbravar territórios desconhecidos em cada pedaço teu.
É engolir o medo e vomitar coragem pra te deixar ir, se a felicidade for uma estrada que eu não soube chegar.
O amor não habilita e nem credencia poetas. Ele faz nascer, entre os “nós”, fragmentos de poemas. Poemas, que somos nós.

Débora Andrade



segunda-feira, 24 de junho de 2013

Algo Mais?

Tenho dito entre as palavras mal ditas e, em berros e gritos, salivado no silêncio em que me obrigo. 
Dos tombos que sempre levo, aprendi apenas que a gente se levanta. Talvez eu devesse saber algo mais. Mas, tenho medo. 
Tenho medo da falta de graça e da ausência da poesia. Não me espanta a falta das horas e nem a dor da saudade. Não me amedrontam as lutas. Para quem tem a certeza de que nasceu para ser feliz, encara a dor como necessário passo para chegar ao alvo.
Não me assolam as dúvidas e nem me espanta a falta de ar. Eu tenho medo é da falta de tato. Da ausência dos versos e do abandono da música.
Meu medo é deixar, covarde, sucumbir alegria da proximidade e do toque. É ver que, por entre os dedos, voou a possibilidade de ser mais. É deixar que o silêncio me cale a coragem de ser sempre muito mais feliz.
Débora Andrade



domingo, 23 de junho de 2013

Casca ou Casulo

Tinha um discurso convincente e sisudo. Dona de uma casca ou um casulo. Era só para se proteger. 
Dentre as tantas certezas e as mãos cheias de razão, as lágrimas tímidas nos olhos despiam a alma de criança perdida, procurando pela mãe com um doce na mão e uma flor nos cabelos. 
Sabia renascer e decorou as dores do parto, por tanto insistir em morrer e viver. 
Da alegria que a enfeita e a trai, há o drama da busca pelos braços que caibam todos os sonhos que ela engole todos os dias só para garantir as poesias no estômago. 
Tem cores de arco íris numa bola de sabão. Mas, não sabe o caminho de volta pra casa.

Débora Andrade


sexta-feira, 21 de junho de 2013

Sem palavras

As palavras não chegaram. Ficaram paradas nos olhos enquanto a lua fazia do céu nosso refúgio.
Parece que a gente aprendeu a falar sem palavras e, às vezes, sem som. O silêncio consegue abrigar nossas lutas contra as dúvidas que mais parecem certezas.
Ficou leve, mais uma vez. É chegar perto e sentir um sorrir de dentro pra fora, sem muita força ou muito risco.
Faltam os versos, sobram os gestos. Sempre soube que as mãos falariam mais que a boca e que os olhos diriam mais que as palavras.
Tem sobrado um medo discreto que pula pela janela e, medonho, constrange a coragem sempre presente. Mas, há quem diz que a coragem só existe assim, com algum medo para desafiá-la. No fim, é mais um gesto. E mais palavras em meio silêncios.

Débora Andrade

quinta-feira, 20 de junho de 2013

Desconhecido?

Não é sentença de morte. É sentença de vida.
Não é uma cor e nem gelo. É um arco íris inteiro colorindo um céu inabitado, inatingível e sonhado.
Não guarde a fala. Solte pérolas, uma a uma.
E desengasgue o que te trancafiou por tempos, bem no meio da garganta. Como se tudo que você pudesse ser estivesse ali, guardado nas gavetas arrumadas, nos planos bem traçados e nos horários programados.

Não resuma histórias. Não sintetize poemas. O que é humano não se resume.
A palavra nos aproxima. É uma estrada estreita que nos une numa trombada na esquina.
Não é erro, nem sorte.
É o desconhecido que te reconhece. É um frio estranho que aquece.
É o gosto de vinho e abraço surpresa.
É a madrugada, manhã a dentro, te olhando dormir enquanto padeço do teu nome, dos teus versos, dos meus ventos.
Meu norte renasce sol e sonha lua quando o inesperado de ter em mim consolida o que não se toca. Porque é tocado.
Um coração sem dono reconhece quando a solidão vai embora.

Débora Andrade

domingo, 16 de junho de 2013

Prosa Presa

Perdi as palavras dentro do peito. Volto e retomo minhas letras, de posse dos versos que hoje são teus. Diante de uma interrogação, exclamo a tua falta. Tua presença rima com meu sorriso. Meus olhos vibram com o brilho dos teus.

Prendi as palavras de amor, para soltar em suspiro de saudade, enquanto lembro-me dos detalhes dos nossos poros desenhando dias, tardes e noites de amor.


Perdi as rimas e os versos e fiz prece. Pedi pela tua alegria e vislumbrei teus dias sem dor. Para amanhã, penso em prosas que falem somente de amor. 


terça-feira, 4 de junho de 2013

Arte, Cultura, Música e Eu

Arte, Música, Cultura e Eu

Eu não sei como vim parar aqui.
Tenho os melhores pais do mundo. Nunca me deixaram faltar nada que era necessário. Eu tive amor, afeto, carinho, atenção... Ensinaram-me a ter fé em mim, na vida e a ter força, coragem e nunca deixar que um tombo me fizesse parar. Me ensinaram a respeitar o outro como eu os respeitava. Ainda chamo professoras e professores de senhor e senhora, cedo meu lugar aos mais velhos e pego o lixo que jogam no chão. Olho nos olhos de quem eu trato. Dou bom dia, boa tarde, boa noite e não faço distinção. Foi assim que meus pais me ensinaram e com exemplos. Porque, embora eles não tenham nem o segundo grau, eles têm a sabedoria do amor. De tratar as pessoas com a entrega e carinho que eles desejariam ser tratados.
Desde muito pequena eu gostava de histórias. E, embora meu pai nunca tenha lido um livro inteiro, ele me contava as melhores histórias do mundo. E foi nestas histórias que ele me ensinava a sonhar. Meu pai é pedreiro e o trabalho nunca foi muito leve.  Sempre carregou calos nas mãos. Tem frisas na testa de esconder o olhar do sol. Ele me ensinou a admirar o trabalho. A ter orgulho de ter cansaço depois de um dia trabalhado.
Minha mãe é puro sonho. Ela tem nos olhos um mundo de magia e encantamento. Não há quem não se apaixone por ela. Ela tem orgulho até do dedinho do nosso pé. É uma mãe coruja. Uma mãe leoa. Um ser humano que nunca enxergou cor ou classe social em ninguém. Ela tem o dom de ver o coração. Ela cuida de mim, das minhas irmãs, do meu pai, da minha sobrinha, dos primos, primas, tias, tios e de quem mais precisar.  Ela não tem grades. Se mostra. Abre a porta de casa, da vida, coloca estranhos na mesa, alimenta com a comida mais temperado de amor do mundo e suspira feliz, por ter visto felicidade no olho do outro. Minha mãe é uma artista, embora ela não saiba. Já li cartas de amor dela para o meu pai e parece coisa de Vinícius.
Um dia meus pais cismaram que eu cantava. E minha mãe, que nunca foi de ficar parada, me colocou para cantar com minha irmã. E nos saíamos bem. O povo gostava. Era bonitinho duas crianças gordinhas e simpáticas cantando sertanejo. Eu tinha seis anos e queria agradar minha mãe e meu pai. Retribuir tudo que eles sempre fizeram por mim e pelas minhas irmãs. Então, eu cantava. E cantei durante um tempo. Até começar o desejo de cantar outras coisas. Eu ouvi minha prima ouvindo Marisa Monte e quis conhecer mais. E então ela também me apresentou Kid Abelha, Paralamas do Sucesso eu fui querendo conhecer mais e mais, mais. E quando vi, eu gostava muito de música. Depois veio Chico Buarque, Milton Nascimento, Cartola, Oswaldo Montenegro... e me vi envolta a tudo isso. Virou necessidade ouvir e conhecer mais.
Eu era frequentadora das bibliotecas das escolas. Como eu gostava de saber! Como eu gostava de sonhar! Como eu gostava de ler! E eram nos livros que eu conseguia isso. Ganhei meu primeiro livro aos 10 anos de idade, da minha tia: - O Menino Marrom.
Enquanto o sonho de toda criança era ganhar bicicletas e vídeo games, eu queria a BARSA, lembram? A coletânea de livros que meu pai, depois de muito esforço, conseguiu comprar uma genérica. Nossa! Que dia feliz!
Comecei a escrever muito cedo, também. Mas era já uma válvula de escape. Eu precisava desabafar. Nas aulas de redação na escola eu fazia uma redação para a Ana Paula, outra para a Daninha e uma para mim. Uma vez, fiz uma para um paquerinha, no auge dos meus 13 anos. Ele venceu um concurso de redação e nem me deu obrigada. (risos) E eu não me importei pela falta do obrigada. Embora minha mãe tivesse me ensinado a agradecer a tudo e a todos, seja pela mínima de gentileza que me fizessem, ela me ensinou também que, na vida, muita gente não sabe fazer isso ainda, mas, pode aprender. Minha mãe me ensinou a acreditar no outro. A acreditar que todo mundo pode ser melhor e que isso, muito depende de nós, de como tratamos as pessoas.
Depois a vida foi colocando pessoas no meu caminho. Um monte de gente especial. Um monte de gente admirável e que eu fui tomando como exemplos. Gente que carrega brilha no olhar, amor no coração e que a gente vê luz, a quilômetros de distância. Os professores, sempre foram meus exemplos. Cida Prósperi, professora de português! Como eu amava ver aquela mulher falando do que ela leu na noite anterior. Nancy Tiso, professora de história: - ela tinha uma sagacidade e falava com uma desenvoltura e uma propriedade sobre história que me fascinava. Joaquim, professor de matemática que nos dava alguns minutos para ouvirmos dele um pouco sobre “ser” humano. Depois os líderes por onde trabalhei e pessoas que encontrava vez ou outra. Mas, sempre tive sede de saber de tudo. Então eu ouvia, eu observava, eu analisava, eu sentia, admirava e tentava replicar os atos que me encheram os olhos e o coração. Aí vieram os filmes: - Amélie Poulain, como eu quero ter a tua sabedoria ingênua e pura.
E aí eu fui conhecendo músicos, artistas, gente bonita e louca, entregue e fui admirando tudo isso. Adriana Galo, uma artista plástica de Varginha, que renuncia todos os dias um pouco de si para se doar ao mundo, de alguma forma, através das suas histórias, suas pinturas e envolveu uma família inteira num projeto perfeito: fazer do mundo um lugar mais bonito. Eu acredito em gente assim. Eu gosto de acreditar em gente assim.
Eu gosto de gente. Não vou deixar de gostar porque uma ou outra vai me decepcionar, vai brigar comigo, vai me humilhar. Eu gosto porque eu sou um pouco de todos que passaram por mim. E até os que me fizeram algum mal, eu bem notei, passou e me fez um pouco melhor.
 A arte? Não tem a ver com classes sociais e, menos ainda, com conchavos políticos. Tem a ver com a alma. Com a expressão de um povo ou de um único indivíduo que se expressa de alguma forma. É a sensibilidade do olhar e ser visto. É ser sentido, ás vezes, sem ser notado.
Eu acredito que existem pessoas que fazem algo pura e simplesmente pelo fato de acreditarem estar fazendo algo bom para os outros. Ou, apenas por fazer acontecer.
A cultura? Não é ouvir Chico Buarque, recitar Leminski e interpretar Picasso. Pagode? Quem disse que não é cultura? Cultura é o conjunto de manifestações artísticas, sociais, linguísticas e comportamentais d eum povo ou civilização. 

Ainda não sei como vim parar aqui.