Cor, Alegria e Amor

Que a sua vida tenha cor, alegria e amor.

Entre, "sinta-se" e descubra quanta cor há em você!

segunda-feira, 23 de dezembro de 2013

O Novo

O mundo parecia desabar. E eu pensei que as pernas não suportariam o peso dos ombros e nem as lágrimas lavariam a dor da alma. O peito feneceu. O sorriso sucumbiu-se. Os braços não eram páreos para abraços de cura. Faltou ar. Faltou calma. Alma.
E então, me dei conta que não era o mundo desabando. Eu só tinha me perdido pelo caminho.
O Sol tinha nascido mais cedo e eu perdi a noção das horas. A dor, que tinha gosto de adeus, tinha peso de final, ganhou uma nova forma e eu respirei aliviada. Era o novo. Um caminho para ser sentido, saboreado, vivido em cada vão momento. Em cada mimo de detalhe.
Reluzia o amor que vibrava minha alma e me mostrava tantos sonhos ali, realizados em suprema existência e em ímpar essência. Era algo muito melhor que eu poderia desejar. Era só permitir ser...
O mundo parecia renascer. E eu pensei que meu peito não suportaria a alegria do novo abraço. E que todo sorriso viria de tudo aquilo que eu poderia ter de melhor, e todo este tempo.
Faltou ar. Reinou a paz. Tive calma. E era alma. Almas.

Débora Andrade


quinta-feira, 19 de dezembro de 2013

Cacos de Amor

Cacos. Minha vida pelo chão.
Meus vidros em pedaços pontiagudos, 
Feridos e forjados, 
Fere e sangra.
Inútil coração,
Indefeso, ataca.
As cores em tons de cinza.
O amor, talvez, ainda não nasceu. 
Aguarda, sem pressa, pelo sim ou pelo não.
Vive em mim, feito pedaço meu. 
Pulsa, feito coração.
Amor, em cacos, não sobreviveu.
Sonhou mares, montanhas e sobrevoou o impossível.
Contou passos, horas, flores, letras, tardes de sol, noites de chuva, fez canção.
Peito fajuto, em luto, sem fruto, esconde nas sombras, escuridão.
Um tanto de medo sem nenhuma razão.
Em pedaços, outra vez, pobre coração.
Redescubra, reinvente, reintegre...
Rapte o dom de dar luz à escuridão.


Simples

O amor nunca foi um mistério. Não é criado de enigmas e nem escrito em códigos. É algo bem simples que se descobre no conforto de um abraço, na doçura de um beijo, na dor de uma saudade. Não é a palavra. Não é a frase. É o movimento de dentro pra fora. O brilho nos olhos... é o combustível de realizações.
O amor não é dono do tempo e nem dos fatos. Ele não complementa a vida. Ele transborda, ultrapassa as nossas margens. Nos dá coragem, força e alimenta a fé.

É o inesperado. É a valentia de ser quem é. O desejo no caminho da concretização.


Débora Andrade


domingo, 15 de dezembro de 2013

Com Alma

Pulo das alturas. Mergulho no céu, de olhos abertos, para enxergar os detalhes. A vida amena nunca me causou transformações. Nem mesmo me deu paz. Vou aprendendo a lidar com as frustrações. É resultado de quem pauta a vida com esperança e coragem. Não me envergonho por isso e aprendi a lidar com a dor no estômago.
Mais uma mala pronta. Parada na estrada eu não fico. E se encontrar outro penhasco, eu pulo. Nunca tive medo de abismos. E me atraio pelas alturas. Não perco as histórias. Deixo algumas lembranças, outras marcas. E a decisão continua sendo meu melhor remédio, enquanto não encontro reciprocidade no amor.
A vida segue. E sempre irá seguir. Pelas estradas ou pelos céus, as lágrimas nunca me farão deixar de ser.
"Alma, vai além de tudo que nosso mundo ousa perceber."

Débora Andrade


quinta-feira, 12 de dezembro de 2013

Erro de Tempo

O inventei da cabeça aos pés. Escolhi a cor dos olhos e jeito de olhar. Inventei as mãos e a forma de me tocar. Eu escolhi a temperatura do beijo e o quanto ele poderia durar. Eu o inventei em detalhes. E a vida me trouxe em personificação cada gesto, cada gosto, cada canto, bem da forma que pensei “o moço”. O erro? Foi do tempo. 

Débora Andrade


domingo, 8 de dezembro de 2013

Fotografia

Era preciso desacreditar. Retroceder a fé e deixar só a lembrança viver, sem nenhuma fotografia.
Laços invisíveis, sem registros e nem imagens, a não ser a que insiste em bater aqui, junto ao peito, pintando seu sorriso, meio de lado, canastrão. Levando sua mão no meu rosto, perseguindo com o olhar os meus gestos livres e sentindo com seus braços os meus sorrisos, serenos, intencionados aos seus.
Era preciso refazer o passo. Reciclar as horas passadas regadas á expectativas que a paixão persiste. Mas como é difícil sonhar sem ter tua imagem compondo meu cenário de felicidade. 
Recompor a história a iniciar por um ponto final. 
Iniciar novo ciclo, nova rota, novo rumo, novos passos. 
Mantive as letras, os versos, as cartas, as flores, as músicas no mesmo lugar. Com a falta do registro de nós.
Iniciar nova rota. Nova estrada. E um álbum de fotografias. 

Débora Andrade


domingo, 1 de dezembro de 2013

Horas e Dores

O dia ficou mais vazio sem as vibrações das suas palavras.
O relógio, parado, mente para as horas enquanto elas brincam com as minhas expectativas. A gente sempre espera por surpresas.
As mãos, chorosas, reclamam a falta dos dedos entrelaçados, feito laço.
Sobram faltas e  faltam espaços. Um vazio, apertado entre saudades, ecoa insensato e triste, um canto sem encanto, estranho jeito de dor.
Até amanhã. Só até amanhã. Quando tudo, de volta ao lugar, perceberemos que não passou de um sonho. Bem feito aqueles que todas as manhãs eu te contava, com entusiasmo. E bem feito aos que você nunca consegue lembrar.
O tempo se encarrega de transformar a história em lembrança e todo amor e saudade.
Débora Andrade




É só mais uma prosa...

Eu o coloquei entre meus poemas e minhas prosas. Acordava junto ao seu "bom dia" e adormecia em paz, depois do seu "boa noite". Talvez um erro, mas, o eternizei bem em mim, junto às palavras que nunca me sufocam e sempre me libertam. 
Arquitetei caminhos com as nossas letras. Percorri uma estrada sem volta, recolhendo pelo chão todas as cores que nós brotamos juntos. Eu vislumbrei e vivi um mundo muito mais bonito desde o dia em que deixei de resistir à esta história. Não me arrependo nem da vírgula. 
Preso, junto às lágrimas, está o nó. O mesmo que fica na garganta e salta para página em branco. O nó que não se completou com o "s" que eu esperei, do verbo esperançar, que você me lembrou que existia. 
Parece coisa de outras vidas. Parece um reencontro. Mas, no fim, é só um monte de amor estacionado entre verdes e raízes e vistas de pôr do sol. Não aprendeu amanhecer. 
Nem bola de cristal e nem cartas de tarô. Mas, para quem acredita que o Sol nunca dorme, espero, do verbo esperar, meu dia amanhecer com gosto de amanhã. Respiro fundo, relembro sem dor, rememoro as versos e rimas que fomos juntos e abro a porta da minha vida. O amor sempre entendeu de liberdade. Porque, também, entende de saudade. 

Débora Andrade


sábado, 23 de novembro de 2013

Felicidade é, também, respeito

Aprovação. Não adianta dizer que não. Buscamos daqueles que amamos. Das mães, principalmente.
Aos dezesseis anos comuniquei à minha mãe que estava de mudança para Belo Horizonte. Eu queria estudar. Nunca fui de esperar ação de ninguém. Já estava tudo certo. Agora era ir. Minha mãe chorou como se eu nunca mais fosse voltar. A saudade doeu. Mas, eu fui. E foi bom.
A história se repetiu quando eu fui para o Rio. Foi, também, a forma como eu escolhi minha faculdade. Como comecei a trabalhar. Como comecei e parei de cantar. Como comecei e terminei namoros, cursos, trabalhos e dietas.
Durante um bom tempo da minha vida, me preocupei muito com que os outros pensavam ao meu respeito. Achava que eu deveria ser exemplo.Nem percebia esta minha preocupação, de tão natural que era para mim, o fato de ser para os outros. Uma amiga que conheci na faculdade e trago pela vida, foi quem me alertou. Entre as idas e vindas à bordo do 607, sessões de terapia destruíam aquela obrigação de ser para os outros e ser muito mais para mim. Minha gratidão eterna à ela.
Hoje as cobranças têm um tom diferente. Me levo muito mais à sério do que qualquer outro. 
Minha mãe acha que sou "topetuda". Dizer que não, não sou nada disso, é oportunidade para que ela me chame de teimosa:  - E ainda por cima não aceita. Você tem que aceitar conselho de mãe. Já falei que você tem que mudar. E também tem que procurar uma igreja.
Sim. Mães têm certa dificuldade com filhos que escolhem seus próprios caminhos. É difícil pra ela entender a minha relação com Deus: - O que é isso, minha filha? Agnóstica? 
Meu trabalho! Ela nunca entendeu meu gosto pelo sacrifício. Sempre achou uma loucura absurda eu "correr de um lado para o outro": - Como assim? Sempre sonhei para você um escritório com hora para entrar e sair. E não esta loucura que é sua vida. Sem hora, sem dia, sem lugar. Ah, ah, minha filha. Você deveria ter feito outra coisa. Você tem cada gosto! Não te entendo. 
Ouço a mesma coisa quando aviso sobre uma viagem com destino de aventura: - Acampar? Gosta de sofrer. Fazer trilha? Pelo amor de Deus, filha. 
A pessoa que mais me ama neste mundo? Respondo, sem pestanejar. Minha mãe. Mas, nem ela pode saber o que é melhor para mim.
No final, tem uma coisa que minha mãe entende muito bem. A minha alegria. A minha felicidade. A satisfação que minhas escolhas, por mais estranhas que lhe pareçam, me brindam. E a gente se abraça, com um afeto infinto entre os braços e um amor imensurável nos olhos. Felicidade é, também, respeito. 

sexta-feira, 22 de novembro de 2013

E Se Não For

Falamos do tempo e do quanto nos tornamos importantes um para o outro.
Rimos um do outro e um para o outro. 
Nos preocupamos pelas dores, pelos incômodos, pelos sonhos não concretizados. 
Desejamos a felicidade. Vivemos um no olho do outro. Um no prazer do outro. Um pelo prazer do outro. 
Somos o suor um do outro. 
Já falamos sobre amor. Nos declaramos entre palavras, olhares e gestos. 
Nos entendemos. Nos compreendemos. Nos aceitamos. Nos incentivamos. Nos motivamos a ser quem somos. E somos. 
Criamos um mundo tão nosso capaz de criar felicidade em uma hora. Funcional, prático e solúvel. 
Ele se vai quando damos a partida. Junto ao sol que se põe. 
Junto à mensagem que chega com o mesmo conteúdo: - é sempre maravilhoso. 
E nunca foi diferente. Um dia, quem sabe, será. Ou, então, se não for? 
Não me responda, por favor. 

sábado, 16 de novembro de 2013

Meu Amor

Um  amor que caberia em dez mil canções. Que não acabaria nestas mil explosões que meu peito faz, sem barulho, todas as vezes que penso no teu abraço distante de mim. 
Um amor que construiria um mundo, um universo, sem espaço entre nós. Vivo, tão vivo; que morre todos os dias para nascer transformado, útil e renovado. 
Uma força de luz que me cega e me dá outra visão. Que implode teu ser ao meu, pouco a pouco, sangrando as faltas e suspirando os encontros.
Te amaria por mais três vidas, em silêncio. Porque até o dissabor deste sentir que clama pela tua presença, me faz vibrar. Pulsa em mim e dilacera meus sentidos. Entonteço e me ardo. Revivo. Intercedo por mim, retomo por nós.  Vou velando teu amor ganhando coragem de ser. 
Egoísta é este meu sentir que não precisa do seu. E ao se doar à ti, volta à mim dobrado e polido. O amor não é esta coisa triste que o mundo prega e faz poesia. O amor é cor. Mas espera, atônito, a interferência do outro. Quer ser violado e transformar-se, transformando o mundo.
Em mim há rios que cortam pedras seguindo em direção ao oceano que é seu coração. Tua calma muda, nunca me escondeu os rompantes de ondas submersas nas profundezas das suas águas. Tua alma se encontra com a minha. Confessamo-nos.
Meu amor é "infinito eterno para sempre" sem pontuações. É o desconhecido que habita em mim e viola meus sete segredos, me certificando da humanidade simples que sou. Me desnuda e me mostra. Expõe minha alma na palma da tua mão.
Revigora. Reintegra. Reconhece. 
Um amor que é meu. Pronto para ser de nós dois. Em movimento eterno. Vivo. Morrendo e renascendo sem busca. Independente. 



segunda-feira, 11 de novembro de 2013

Pelo sim, pelo não

Era o primeiro passo. A decisão pelo sim ou pelo não. 
Já corriqueiro, o medo de partir era bem próximo ao medo de não cessar. O tempo me fez refém do instante agora. Todo e qualquer instante em que estivesse próximo da ideia de estar com você, valia um relógio. 
No teu abraço era fuga e encontro. Era ali que eu me esquecia do mundo e o pulsar do teu peito me tirava o chão, dando-me o céu. O mundo era leve e flutuante, sobre mares e tão perto do Sol..Como, então,  decidir pelo não?
Das tantas faltas, as que sobram e as que sufocam, não me acostumo com a do teu cheiro misturado ao meu. É feito prova de amor. Das misturas químicas que o corpo sentencia a alegria. 
Me acostumei com seus olhos sobre os meus, num descanso afetivo e sereno, me confessando entrega e o encontro da tua alma com a minha.
A indecisão pelo sim e pelo não. O dilacerar, já quase sem vida, da esperança de dias futuros. Porque me acostumei a pensar em novos dias, sempre com mais alegria, para enfeitar suas noites. 
Porque me acostumei à novidade que é te amar. A constância das surpresas que é dedicar-se a este sentir sem tamanho. 
Pelo sim e pelo não, o tempo acaba. E acaba decidindo por ele mesmo. 




domingo, 10 de novembro de 2013

Relacionar-se.

Relacionar-se nunca foi coisa fácil. Há de respeitar as diferenças. Mais que respeitá-las, entendê-las e se apaixonar por elas.
Para que dure, não basta a reza. Há de se falar com os olhos. De se entender com os gestos. De se estreitar os abraços e suspirar com as distâncias. As distâncias... estas, nunca deverão ser mais do que física. A proximidade está no interesse pelo o outro. Do acordar ao dormir, preocupar-se. Procurar saber se esta bem. E se não estiver, usar a criatividade para arrancar um sorriso. O amor é criativo, eu ouvi de uma freira. Concordei.
Há de ter a leveza dos muitos dias de sol e o peso das tempestades, sempre deverão ser divididos. - Eu te ouço. Eu te entendo. Eu me esforço para compreender. Você é importante para mim. Qualquer coisa que venha de você, deve ser.
Há de se preparar um almoço gostoso e enfeitar o prato. Só para demonstrar no paladar, no gosto, o quanto tem cuidado pelo outro.
É preciso entender que o silêncio, nem sempre é solidão. E que a solidão, às vezes é um tanto necessária para brotar a saudade. A saudade é maravilhosa quando a gente pode matar num abraço repleto de afeto e carinho.
É essencial o gozo. Não só o físico. Mas o saborear das horas, dos minutos que passam lado a lado. Deixar brilhar os olhos com o sorriso do outro. Deixar nascer o tesão em qualquer lugar e correr, se esconder para amar tanto e mais. E mais.
É somar. Dividir. Multiplicar. Misturar a física com a química. Escrever história e fazer literatura. É conhecer a biologia do corpo um do outro. Sem rédeas. Sem pudores. É permitir o pedido do outro. É ceder. É dizer não. É saber dizer o não. É dizer o sim. Saber dizer o sim.
Nunca será fácil. Mas o amor sempre se encarregará de nortear as ações. Porque o amor, em sua essência, é zelo. É cuidado. É o desejar bem ao outro. É o fazer bem pelo outro.
Relacionar-se. Com amor, é escolha e não necessidade. É confiança. É liberdade. É saber que tem ao lado o alguém que te faz melhor. E querer ser melhor só para ver aquele sorriso mais mil vezes. A única morte que separa, é a morte do amor.


sábado, 9 de novembro de 2013

Repensar-se e Pensar Em Si

Repensar-se. Recriar-se. Extrair-se. Lapidar-se. Encontrar este tanto de nós em si, em mim, em "dós" em "sol".
Estranhar-se entre as mágoas daquele vento pálido desconhecido de não segurar-se. De desaprender a força. De ceder às lágrimas.
Se protegeu da ideia do outro. Se criou e se fez sob os átomos da força e da fé e, convenceu sem se convencer. É mesmo uma fortaleza.
Mãos postas e pés juntos em dois segundos e, feito mágica, o esplendor na face: um sorriso. Não há quem duvide. Não precisa de proteção. Não precisa de outra mão. Não precisa além de si. Dona da razão cega, perdida entre os "autos" tão suficientemente enganosos. No peito, a / há súplica. Um grito de socorro. Um pedido silencioso para que segurem suas mãos. Para que guiem seus passos. Para que desacreditem de toda aquela segurança de quem diz que sabe viver.
Aprendeu a renascer, mas, não sabe morrer.
Repensou-se. Pensou em si. Mas, renasceu outra vez sem morrer. É preciso de alguém que a mate ou a faça morrer. Para que no parto, haja partir sem volta para tudo aquilo que sufoca.
Pensar em si. Pensando em mim.

Débora Andrade

quarta-feira, 6 de novembro de 2013

Era ontem.

Já é coisa sem controle do corpo. A alma parece que sai correndo para te abraçar. Só o tempo do corpo caminhar até o aconchego do teu colo.
Nossos corpos se encontram em tom de paz nos primeiros segundos. Depois, um calor, como se fosse verão, une os nossos poros e a gente respira junto, para depois suspirar. A coisa mais deliciosamente estranha que me acontece quando te vejo. Eu me perco e me acho. No mundo, da vida, de nós. 
Era ontem. E nosso abraço tem gosto de amanhã. O dia que sempre espero para perder, outra vez, o controle da alma. Do corpo. De mim. 


segunda-feira, 28 de outubro de 2013

Pode ir...

Vá em frente. Mesmo que este "em frente" me deixe em um outro lugar. O importante é você seguir. Decifrar os medos e enfrentar seus monstros. Sim. Acredito que será mais fácil se eu estiver por perto. Mas, siga em frente. Eu não te perderei de vista.
Não se preocupe com minha independência. Menos ainda com o desapego. Aprendi com a vida que o amor é bem assim. Livre.
Saberei me cuidar. Me resolvo com músicas e livros. Vomito meia dúzia de poemas tristes e o sorriso volta para o lugar.
Meus aplausos estarão prontos e sonoros para teu reinar. Sim. Reinar! Ser o seu próprio rei. Dono dos seus prazeres, das suas histórias, das suas conquistas.
Claro que a vida, embora seja como o mar, não lhe trará só flores e sol. Algumas tempestades existem em nós. Mas viver a certeza do arco íris, motiva a seguir sem medo e certos de finais, quase sempre, felizes. E eu, quando penso em você, ainda prefiro as reticências.
Vá em frente. Estou bem aqui. Do seu lado.

Débora Andrade

domingo, 20 de outubro de 2013

Além

O amor desabou do céu. Despencou em palavras e e caiu aos seus pés, construindo teu chão. 
Teus pés inexatos, tateando palavras de amor, desconheciam os passos. O amor nunca lhe pareceu seguro. Mas, é. 
Em teu corpo, letras em preces clamam sem pudor. Teu mundo é tão mais que este dissabor. O amor, outra vez, é algo além do que você desconhece.
Chão, prece, céu, palavras, amor. Separados em vírgulas e contínuos, sem razão. O coração ainda não pede razão nenhuma. Aceita motivos. Abraça sorrisos. A alma é. A alma, em calma, é.
O céu desabou em amor. E no teu chão, asas.
Você pode voar. 



quinta-feira, 17 de outubro de 2013

Nada Além de Amor


Os pés nas nuvens e a alma na palma da mão. Os nossos abraços e beijos fabricam o céu. E já nem era a primeira vez... 
Perdemos as contas, os contos e os nós. 
Perdemos-nos entre nós, entre encontros e desencontros...
Encontramos um no outro, caminhos que levam rumo ao que se pode chegar e ao que se deve ser... A felicidade é caminho
As horas passam com pressa... Ordenadas e sistêmicas... As horas deixam os cabelos bancos e rugas na testa... Mas, não conto tempo dentro dos teus braços.
A vida silenciosa confessa segredos. Os olhos não escondem desejos... Mas a mão, professa solidão.
Volto para casa cheia de nós. E me encontro no olhar perdido de dúvidas.
O amanhã, incerto, me rouba o hoje.
Não tenho nada além de amor.

Débora Andrade

domingo, 6 de outubro de 2013

Ah, o amor!

O amor é o sol inesperado nos dias chuvosos.
É o filme da tarde visto da cama desarrumada e, nós dois, entre as almofadas e lençóis.
O amor é a leveza dos dias e a força da sobrevivência.
É o que te faz lembrar, a todo tempo, que o coração pulsa. Que a vida vibra e os olhos brilham.
É uma estrada de terra, onde os caminhos lhe dão a oportunidade de florescer.
É um mais um. Dois inteiros a preencher todos os cantos de canções.
É a tranquilidade da partida, pela confiança da volta. O retorno é consequência da saudade.
O amor é presente com gosto de futuro.
São mãos entrelaçadas que se falam.
São olhares que se confessam.
O amor é o que assombra a escuridão.
É a coragem de pular abismos, certos de que as asas nascerão quando for a hora de voar.
É o "para sempre" que a rotina desacredita.
É um manifesto de fé. A dança de amanhãs cheios de cor.

Débora Andrade






quarta-feira, 2 de outubro de 2013

Você

Eu me aprofundo em mim e te encontro. Pelo caminho, percorro cenas e centenas de sonhos. Você está sempre perto da Luz. Talvez você seja meu sol que nunca morre. Isto, talvez, explique seu poder de fazer nascer um sol às sete da noite.
Tuas mãos têm o encanto de devolver os meus passos pelo chão. Mas, o teu olhar, me cria asas.
Você é tão bonito. Você é tão bonito. Você é tão... Tão tudo e tanto que me preenche e me transborda.
Passaria dias e noites inventando novas palavras para dizer o que o teu ser causa em mim. E, embora o que eu sinta me aproxima para te enxergar... Tudo que admiro e louvo em você, é seu, sem depender de nada que brota em meu coração.

Você faz o mundo mais bonito. Faz do meu mundo muito mais bonito.

Débora Andrade

segunda-feira, 30 de setembro de 2013

Devolva-me

Em clausura, minha mão repousou sobre meu peito para segurar a dor. O bandido ainda pulsava teu nome e a minha pele ainda exalava teu perfume. Você sempre fica.
Entre esperanças postas feito bandeiras, meu território de sonhos brotavam nossas mãos dadas pelas ruas.
O meu riso, que era tão seu, bastou ao amanhã. Tropecei nas minhas artimanhas de brincar de te fazer feliz. Fui querendo teus sorrisos e fabricando teus amanhãs. Me enrolei num céu de estrelas que eu mesma pintava para te dar.
Me desertei quando deixei fluir em mim teu olhar solitário e tua alma tão só.
E enquanto você me devolvia, eu voltava para mim mais cheia de nós. Voltava a tecer teus dias floridos de paz e muita luz.
Mas, da cumplicidade dos nossos corpos e da intensidade que você ainda não sabe o que fazer, eu me encho e me retalho de histórias que acertam lembranças. Não eram lembranças que eu esperava de um amor que só pode ser desta vez.
Meu gesto, meus olhos e todo meu resto ainda têm o teu jeito. Mas da vida que não para, aprendi que, de fato, "é" aquilo que desejamos "ser".

Débora Andrade

domingo, 29 de setembro de 2013

Setembro

Setembro nos entregou um para o outro. Aprontou com a gente. Nos colocou cara a cara com nossas verdades e com o medo de perder.
Quando já não era, estávamos entregues e cheios de chão. As flores estiveram pelos nossos caminhos. E do silêncio entregue, dos gestos confessos, as palavras começaram a nascer sem som, dando vozes às pontas dos dedos. Nasciam poesias das nossas mãos. Brotavam bilhetinhos de amor nos bolsos.  Os versos embolavam as rimas em nossos colos. 
Reticentes ao tempo. O mundo parou em setembro. E era ali, entre o céu e a terra, entre o sol e a chuva, entre o estrada e as flores, que nascemos e morremos, aprendendo a renascer um para o outro. 
Qualquer quando, quando qualquer tempo... Era o tempo de nos darmos inteiros, sem pensar em contestar um mundo que existia além de nós. Trazíamos setembro para dentro do peito, junto com a primavera que se inventa e se realiza através de um amor que periga renascimento todas as vezes que partimos em direção contrária. 
Débora Andrade


segunda-feira, 9 de setembro de 2013

Em Tom de Despedida

Silenciei os tons e dei calma ao olhar. Desacelerei o compasso. Respirei fundo para relembrar os suspiros. Premeditei o segundo passo. O primeiro sempre é em sua direção, mesmo que seja para o adeus.
Perdi o chão para reencontrar o céu. E isso aconteceu todas as vezes que segurei sua mão. Dos meus tantos sonhos fabricados incansável e diariamente, você chegou pronto. Mas, daqui, bem de perto desta bola cristal que insiste em acertar as previsões, já constava um final sem precedentes.
Esperei sem querer. Emoldurei um quadro com a foto que nunca existiu. Li e reli suas palavras, algumas com tom de desabafo, outras, em tom de desespero. Ofereci ajuda, minhas mãos, meus olhos, meu coração. Afirmei todas as possibilidades. Disse para não ter medo. Para acreditar. Para pular que eu estava do outro lado. Mas, sempre o "mas".
Coloquei uma música em tom de despedida. Ela está repetindo pela trigésima vez. Enquanto isso, penso numa carta de despedida e desisto. Desisto da carta e da despedida. O fim acontece por si só. Como este que já aconteceu por aí e você insiste em cegar os olhos.
Me acostumei a renascer. Amanhã, o Sol vai nascer outra vez. Assim é todos os dias.

Débora Andrade


segunda-feira, 2 de setembro de 2013

Seguindo...

Cria-se espaço, ausência. Enquanto lateja insensata a saudade, a gente teima e procura por algo que acalente esta dor aguda de quem parece ter sido esquecido, deixado para trás.
Deixe todas estas nuvens pairar outros sonhos. Há quem não suporte o poder das asas. Cria abismos só para olhar a profundidade do chão. Não ousa um passo a frente. Passarinho criado em cativeiro, sem honrar o valor do vôo.
Há quem ensaie a vida o tempo todo. Escreve rascunhos dias e noites e lança mão da sorte, esperando que os ventos mudem o rumo das velas.
Há quem olhe para trás sem sonhar o que vem adiante e se afasta do presente. Há quem nem note o presente que o futuro é.
Sente, demasiadamente. Tem o peito a pulsar versos de amores e entre eles, sempre um "mas", a revogar os sonhos. A suspender o vôo.
Entendo. Compreendo. Não questiono. Não questionarei.
Mas à mim, a vida deu o dom da poesia. Eu sonho com o amor, eu vivo com alegria. Eu garanto dias de cor, de alegria e de amor. À mim e a quem vier. E, embora eu te espere, só por tanto te querer, aprendi a entender as entrelinhas. Não voa quem não salta.

Débora Andrade


domingo, 1 de setembro de 2013

Isso Tudo Que Não Se sei Dizer

Ensaiamos o salto. Nosso olhar já era cúmplice de um futuro cheio de vôos. E o vento já soprava uma brisa de amor constante. Algo que tentamos rejeitar e que renasceu todas as vezes que o matamos. Algo que o abismo deu asas e sempre voltava regenerado, rumo ao céu.
Jardins nascidos no outono. Cultivo. Cuido. Prospero. Observo. Analiso. Volto a cuidar. Espero pelas rosas que se abrirão na primavera.
Dentro dos abraços, criamos nossa atmosfera mágica, onde todo o brilho do nosso olhar desenhava nosso céu.
Nossa fuga sempre levou um ao outro. E viajamos para dentro de nossas almas. Estreitamos os nossos sons. Expandimos as nossas rotas. Transformamos nosso mundo. Acreditamos na conspiração do Universo.
E teu amor me devolve. E o chão que eu perco todas as vezes que te beijo,  ganho todas as vezes que seguro tuas mãos.
E tantas outras coisas, distantes de promessas e tão próximas de realizações, não sei nem dizer do tanto que coloro de alegria os nossos dias. Teremos cor, alegria e amor.

Débora Andrade





segunda-feira, 26 de agosto de 2013

Um dias após o outro...

Sem receitas ou fórmulas mágicas. A vida já é um milagre.
Os dias não descerão da roda gigante. O mar, sempre será farto de ondas indo e vindo. E as águas dos rios, continuarão a correr, lavando as pedras, carregando e fazendo histórias.
Um dia, ontem, hoje, amanhã, depois e depois. Farão parte a alegria, a agonia e se a gente permitir, o amor. Este é transformador.
Terão os dias de sol, de luz e de flores. As estações nos trazem sempre, cada qual ao seu tempo, suas belezas e suas tragédias. Nenhuma virá carregando as soluções do mundo. Mas a chuva, assim como o sol, também se faz necessária.
Passaremos por dias francos e dias fracos. Dias em vão, dias a mais e dias tão sãos. Vamos residir na loucura um do outro e acordar na sincera  pressa de viver e de sonhar.
Nada é fácil e, um dia, aprenderemos agradecer por isso. Nenhuma borboleta saberia voar se não tivesse vivido a tamanha dificuldade de se libertar do casulo.
Seremos sol, lua, flores, vento, tempo. Seremos. E seremos sem prévias.
A vida acontece vivendo. A gente acontece sendo... E acontece que, só acontece quando a gente acredita que sim.
A vida gosta da gente quando a gente gosta dela. E o chão, o mesmo que a gente cai, pode tornar-se um trampolim quando provarmos a ele que os tombos não são o nosso fim. São nossos estágios para aprender a lidar com as feridas enquanto a gente esquece cicatrizes.
Brilhe os olhos. Brinde o mundo com um sorriso. Se perdoe. Seja leve. Feche os olhos e ouça a canção que te traz paz. Somos donos da nossa história. E as dificuldades existem até nos contos de fadas.


domingo, 25 de agosto de 2013

Tantos outros "nós"

Parece um caso sem solução. Não há tempo ou espaço que, de fato, desfaça estes "nós".
Atropelamos as nossas palavras. Nas entrelinhas dos nossos olhos, falamos tudo e não assumimos nada.
Fugimos do futuro. E vamos nos entrelaçando neste presente que nos cria uma louca necessidade dos nossos abraços.
Guardamos o gosto do beijo e repetimos para não esquecer detalhes. Tudo entre nós tem gosto de sempre e de mais. Nos entregamos e nos devolvemos. Mas ao instante seguinte, um colo vazio a espera do teu sono e da tua paz.
Somos imunes ao tempo no vento que nos leva sós.
Mas, nos damos por conta da covardia que, tão logo, se transforma nos abraços intensos e sufocam nossos medos. Omitimos, sem voz, confidenciando nos sussurros entre um beijo e outro, o ansioso querer de ter um ao outro, lado a lado.
Não sei... Sei lá... Sei não... E estas frases vão calando nossa coragem de dizer que sim ou que não.
E cansados, omissos, sem sono... vamos aguardando que tudo se torne lembrança. E que não reste dor. Já que não tivemos a coragem de assumir este amor.
E entre nós... tantos outros nós.

Débora Andrade


quarta-feira, 21 de agosto de 2013

Sigo

Não me oponho à fata de riso e nem à falta de gosto. Compreendo as lutas e assisto de longe à distância criada pela falta de argumentos.
Ah, a falta. Como tem sido fardo presente no dia a dia, adentrando as noites no pulsar frequente de uma saudade sem explicação. Tão perto, tão longe. Emudeço na falta da tua voz.
Não me oponho à estranheza, nem à falta de delicadeza. Aturo os sonhos desfeitos, a covardia dos beijos e entendo o excesso de perdão. Trilho em fartas pegadas que criam uma história sem fim.
Eu persigo o riso, eu crio céus, reinvento estrelas e coloro luas. E isso eu sempre soube fazer só. Voar... isso eu ainda gostaria de fazer a dois.

Palavras pesadas nesta leveza que finge a serenidade que engoli às pressas. Sigo. Sem vírgulas e ofegante. Nunca foi fácil respirar com pressa. 

Débora Andrade 


domingo, 18 de agosto de 2013

Um Trato




Eu deixei as águas passarem e fiz trato com elas: elas deveriam arrastar tuas lembranças de mim. Lavar da minha alma o teu cheiro e tirar da minha boca este gosto de amor, sem pecado. 
Eu engasgo no teu silêncio e me amparo nas poucas palavras que me causam tamanha esperança... assim me perco. Me deixo à tua disposição e me retalho em desculpas. E nenhuma delas é mais honesta do que a que  assumo: - Tua presença colore meu dia. Tua mão acaricia minha alma. E teus olhos fechados desenham meus sonhos.
Transformei minhas letras para que coubessem justas nos seus ouvidos. Minhas rimas têm pressa. Meus dias, meio perdidos, levam distante as promessas que me faço. Eu ainda me encorajo para deixar de vez tanta esperança que investe certeira nas janelas, entre as frestas do meu peito. 
Eu me prometo a tua falta dia a dia, e engulo insosso até me esvair em prantos. Do sal, apenas a lágrima da saudade. Porque ninguém deve resumir os dias em uma única hora de cor. Por mais que a cor convença minhas horas que você é meu arco-íris. 
Me lembro de esquecer e me esqueço de não lembrar. Porque já não é mais uma questão de lembranças. Está. Permanece. Aguarda o instante breve da desmemória. Desfalece na espera de te colocar bem ao lado dos meus passos. Porque dentro de mim, já não tem nem mais espaço que caiba tanto "teu".

Débora Andrade


domingo, 11 de agosto de 2013

Beijo Confesso

Travamos uma batalha silenciosa para disfarçar o que os olhos nunca esconderam. 
Escolhemos os sons dos abraços, dos sussurros, dos suspiros e o gosto dos beijos para esquecermos das promessas e confissões da voz.
E o que nunca foi segredo no olhar, pausava na língua, mudo. 
Nosso corpos entregues, nos entregam ao constrangimento de nos revelar um ao outro. Uma nudez entre as almas que se tocam e se sentem. 
Tudo que não falamos em sons, prospera este óbvio e singular laço entre nós. Em "nós".
No calor da tua boca, na ansiedade das tuas mãos, na proteção do teu abraço, no som do teu silêncio, teu beijo me confessa... E eu me entrego sem pedir perdão. 
Os olhos nunca guardaram o segredo mas, alimentava a dúvida. Teu beijo? - Teu beijo, não. 

Débora Andrade



sábado, 3 de agosto de 2013

Versos Soltos

"Tranco a porta e abro a janela do quarto. Ainda é inverno, mas eu faço primavera. 
Ouvindo Pixinguinha, "choro" e dou flores às estações. 
Passo as chaves. Me tranco. Me calo. Afasto-me das gérberas amarelas. Hei de ter um quintal só de girassóis. 
Por aqui, aguardando o verão. O Sol... sempre disse que ele nunca dorme. "

Débora Andrade

" De longe, depois da curva da saudade, reencontro-me despida dos versos que vestiram nossa história. Esta coisa de sentir tanto, de querer tanto, de desejo sem limite e sem fim, de nada adianta sem a ação que consuma e consome. Amor é mesmo isso de seguir adiante, pontuando os passos com beijos entre almas enquanto a boca guarda palavras. Palavras... nadam em meus olhos e nada mudam a condição. De longe, bem de longe, sentimos a nossa falta. Nossa."

Débora Andrade


"...porque alguém, algum dia, reconhecerá que eu sou capaz de viver um grande amor muito além das minhas poesias... e vai querer ficar..."
Débora Andrade



terça-feira, 30 de julho de 2013

A / Há tempo...

A saudade sufocou a ponto de doer o peito. Físico, mesmo. Algo estranho e desconhecido, porque nunca me privei de sanar esta dor que atinge vez o outro todos os corações.
Eu senti o seu cheiro, o seu toque, o seu abraço e ouvi a sua voz. Pensei estar louca. E estava.
Eu precisava do abraço que cabe o meu mundo, justo, sem apertar e sem folga.
O tempo e isto que existe entre nós, moldaram teus braços para que nossos laços se fizessem ali, no calor dos teus suspiros.
Teus suspiros... sempre me inspiravam esperança.
Nas nossas mãos entrelaçadas há tanto de nós que se faz impossível medir ou calcular.
O beijo... O nosso. Parece que eu sonho quando te beijo. Os olhos fechados vislumbram céus estrelados, enquanto os lábios se tocam cuidadosamente, desesperadamente, arrancando da língua as palavras que nossos olhos nos dizem em brilho e a nossa voz cala. O medo é tão teu quanto meu. Amor é sempre maior.
As palavras que te entrego, escritas em cinco minutos, sempre dirão muito além do que disse.
Há impregnado em cada letra minha para ti, um afeto misturado a tantos outros quereres que me silencia.
A tempo de te abraçar, eu pedi. Há tempo para viver, amor. Em tempo.

Débora Andrade

segunda-feira, 29 de julho de 2013

Mesmo de Brincadeira...

Um ponto final será sempre um ponto final. Não confunda com reticências. Um ponto final não tem muita educação e nenhuma doçura. Isto fica sempre nos parágrafos anteriores. 
Ponto final é cortante feito água congelada, feito faca afiada. Dói. É mesmo para doer. E a gente sabe que não será o único ponto, pois já passou por outros.
Alguns doem mais, outro menos. A vida vai nos ensinando a aceitar, a entender sem se debater e a gente vai escrevendo as histórias, aprendendo cada dia mais sobre a gramática da vida.
A vontade de ver, abraçar, de correr pela areia... tem que ficar só por conta da música. 
No mais... A vida segue. Até encontrar outro ponto... E a gente fica na torcida para que seja exclamação.







domingo, 28 de julho de 2013

Falando aos ventos

Ele me trouxe a paz que não encontrava. Instalou em mim o equilíbrio que nunca tive.
Entre o desespero, a ânsia e os tantos desejos, eu respirava fundo pensando nos nossos abraços e sentia a brandura de um dia a mais.
Eu me doava inteira e ele me devolvia. E todas as vezes, eu me sentia mais inteira, porque tinha ali muito de mim e muito dele.
Eu gostava de me reconhecer naquele beijo. Eu gostava de me ver naquele olhar. Tudo parecia ter uma beleza ímpar, daqueles que parece que não vai acabar.
Ele encheu os meus braços de amor, e eu carreguei leve e suave, sem pesos, uma história de sol, arco-íris, nuvens brancas, frio, chuva e muito calor. Éramos bons juntos. Talvez, fôssemos bons por mais tempo que uma vida. Quando nos dávamos as mãos, perdíamos o medo. E abríamos o peito para enfrentar o escuro. Tudo era claro quando nos beijávamos.
Hoje, se instala a falta. Enquanto reorganizo por aqui as palavras e os gestos de amor.
Aprendi a respirar o ar com sabor de calma. Eu sou um pouco dele, mesmo em sua falta.

Débora Andrade

domingo, 14 de julho de 2013

Livrando-me das palavras...

Antecipo-me às tuas palavras. 
Sou nascida das prosas soltas e sem horas. 
Embriago-me de liberdade e não me abstenho do abstrato. 
Do nada concreto que nunca fui, sou solta em versos e presa em canto, com encanto. 
Nascem flores das minhas mãos quando eu passo a mão pelo teu cabelo. 
Me oponho aos extremos quando me visto de guerra para te dar paz. 
Suicido a voz quanto te falo em nós. 
Canto doce e suave entre nossos lençóis. 
Teu sonho perene, inflável feito balão, necessita dos cuidados de uma semente. 
Tanta luz, tua mente e teu, corpo sentem. 
Versos seus já são nossos.
Versos meus já são teus.
Versos nossos já são meus. 
São nossos os versos e nós. 

Débora Andrade


terça-feira, 25 de junho de 2013

O Amor

O Amor

Tem amor que nasce sob sol e entre lençóis, processando suas descobertas sem delicadeza e procura entre os corpos as formas de laços, enforcando os nós. 
Amor em versos é só retaliação. É uma tentativa, já morta, de prosa. Vira poesia e voa. A poesia tem asas. O amor, também. 
Nota-se certo egoísmo na boca quando se reclama a falta. O amor, em sua falta, é egoísta. Ele aproxima bocas transformando-as em beijos tácitos.
O amor, talvez sejam promessas ditas entre olhares, sem nenhuma palavra pronunciada. Promessas nascidas do desejo e do bem querer. Do incitar aqueles tantos sorrisos que enfeitam as ruas por onde outro passa, mesmo que você não esteja por lá.
No amor, percebe-se uma exímia entrega despretensiosa que cria asas, voando céus findos, colorindo montanhas e mares. Guardando segredos entre as mãos e abraços. É um depois em desacordo com o tempo, porque se esquece das horas.
É, talvez, dormir e enxergar tua face, feito luz, brindando sonhos antes tão sós.
É salivar o teu gosto de cor.
É soltar para que outro salte além daquilo que sempre foi. É tentar, atentar e desbravar territórios desconhecidos em cada pedaço teu.
É engolir o medo e vomitar coragem pra te deixar ir, se a felicidade for uma estrada que eu não soube chegar.
O amor não habilita e nem credencia poetas. Ele faz nascer, entre os “nós”, fragmentos de poemas. Poemas, que somos nós.

Débora Andrade



segunda-feira, 24 de junho de 2013

Algo Mais?

Tenho dito entre as palavras mal ditas e, em berros e gritos, salivado no silêncio em que me obrigo. 
Dos tombos que sempre levo, aprendi apenas que a gente se levanta. Talvez eu devesse saber algo mais. Mas, tenho medo. 
Tenho medo da falta de graça e da ausência da poesia. Não me espanta a falta das horas e nem a dor da saudade. Não me amedrontam as lutas. Para quem tem a certeza de que nasceu para ser feliz, encara a dor como necessário passo para chegar ao alvo.
Não me assolam as dúvidas e nem me espanta a falta de ar. Eu tenho medo é da falta de tato. Da ausência dos versos e do abandono da música.
Meu medo é deixar, covarde, sucumbir alegria da proximidade e do toque. É ver que, por entre os dedos, voou a possibilidade de ser mais. É deixar que o silêncio me cale a coragem de ser sempre muito mais feliz.
Débora Andrade



domingo, 23 de junho de 2013

Casca ou Casulo

Tinha um discurso convincente e sisudo. Dona de uma casca ou um casulo. Era só para se proteger. 
Dentre as tantas certezas e as mãos cheias de razão, as lágrimas tímidas nos olhos despiam a alma de criança perdida, procurando pela mãe com um doce na mão e uma flor nos cabelos. 
Sabia renascer e decorou as dores do parto, por tanto insistir em morrer e viver. 
Da alegria que a enfeita e a trai, há o drama da busca pelos braços que caibam todos os sonhos que ela engole todos os dias só para garantir as poesias no estômago. 
Tem cores de arco íris numa bola de sabão. Mas, não sabe o caminho de volta pra casa.

Débora Andrade


sexta-feira, 21 de junho de 2013

Sem palavras

As palavras não chegaram. Ficaram paradas nos olhos enquanto a lua fazia do céu nosso refúgio.
Parece que a gente aprendeu a falar sem palavras e, às vezes, sem som. O silêncio consegue abrigar nossas lutas contra as dúvidas que mais parecem certezas.
Ficou leve, mais uma vez. É chegar perto e sentir um sorrir de dentro pra fora, sem muita força ou muito risco.
Faltam os versos, sobram os gestos. Sempre soube que as mãos falariam mais que a boca e que os olhos diriam mais que as palavras.
Tem sobrado um medo discreto que pula pela janela e, medonho, constrange a coragem sempre presente. Mas, há quem diz que a coragem só existe assim, com algum medo para desafiá-la. No fim, é mais um gesto. E mais palavras em meio silêncios.

Débora Andrade

quinta-feira, 20 de junho de 2013

Desconhecido?

Não é sentença de morte. É sentença de vida.
Não é uma cor e nem gelo. É um arco íris inteiro colorindo um céu inabitado, inatingível e sonhado.
Não guarde a fala. Solte pérolas, uma a uma.
E desengasgue o que te trancafiou por tempos, bem no meio da garganta. Como se tudo que você pudesse ser estivesse ali, guardado nas gavetas arrumadas, nos planos bem traçados e nos horários programados.

Não resuma histórias. Não sintetize poemas. O que é humano não se resume.
A palavra nos aproxima. É uma estrada estreita que nos une numa trombada na esquina.
Não é erro, nem sorte.
É o desconhecido que te reconhece. É um frio estranho que aquece.
É o gosto de vinho e abraço surpresa.
É a madrugada, manhã a dentro, te olhando dormir enquanto padeço do teu nome, dos teus versos, dos meus ventos.
Meu norte renasce sol e sonha lua quando o inesperado de ter em mim consolida o que não se toca. Porque é tocado.
Um coração sem dono reconhece quando a solidão vai embora.

Débora Andrade

domingo, 16 de junho de 2013

Prosa Presa

Perdi as palavras dentro do peito. Volto e retomo minhas letras, de posse dos versos que hoje são teus. Diante de uma interrogação, exclamo a tua falta. Tua presença rima com meu sorriso. Meus olhos vibram com o brilho dos teus.

Prendi as palavras de amor, para soltar em suspiro de saudade, enquanto lembro-me dos detalhes dos nossos poros desenhando dias, tardes e noites de amor.


Perdi as rimas e os versos e fiz prece. Pedi pela tua alegria e vislumbrei teus dias sem dor. Para amanhã, penso em prosas que falem somente de amor. 


terça-feira, 4 de junho de 2013

Arte, Cultura, Música e Eu

Arte, Música, Cultura e Eu

Eu não sei como vim parar aqui.
Tenho os melhores pais do mundo. Nunca me deixaram faltar nada que era necessário. Eu tive amor, afeto, carinho, atenção... Ensinaram-me a ter fé em mim, na vida e a ter força, coragem e nunca deixar que um tombo me fizesse parar. Me ensinaram a respeitar o outro como eu os respeitava. Ainda chamo professoras e professores de senhor e senhora, cedo meu lugar aos mais velhos e pego o lixo que jogam no chão. Olho nos olhos de quem eu trato. Dou bom dia, boa tarde, boa noite e não faço distinção. Foi assim que meus pais me ensinaram e com exemplos. Porque, embora eles não tenham nem o segundo grau, eles têm a sabedoria do amor. De tratar as pessoas com a entrega e carinho que eles desejariam ser tratados.
Desde muito pequena eu gostava de histórias. E, embora meu pai nunca tenha lido um livro inteiro, ele me contava as melhores histórias do mundo. E foi nestas histórias que ele me ensinava a sonhar. Meu pai é pedreiro e o trabalho nunca foi muito leve.  Sempre carregou calos nas mãos. Tem frisas na testa de esconder o olhar do sol. Ele me ensinou a admirar o trabalho. A ter orgulho de ter cansaço depois de um dia trabalhado.
Minha mãe é puro sonho. Ela tem nos olhos um mundo de magia e encantamento. Não há quem não se apaixone por ela. Ela tem orgulho até do dedinho do nosso pé. É uma mãe coruja. Uma mãe leoa. Um ser humano que nunca enxergou cor ou classe social em ninguém. Ela tem o dom de ver o coração. Ela cuida de mim, das minhas irmãs, do meu pai, da minha sobrinha, dos primos, primas, tias, tios e de quem mais precisar.  Ela não tem grades. Se mostra. Abre a porta de casa, da vida, coloca estranhos na mesa, alimenta com a comida mais temperado de amor do mundo e suspira feliz, por ter visto felicidade no olho do outro. Minha mãe é uma artista, embora ela não saiba. Já li cartas de amor dela para o meu pai e parece coisa de Vinícius.
Um dia meus pais cismaram que eu cantava. E minha mãe, que nunca foi de ficar parada, me colocou para cantar com minha irmã. E nos saíamos bem. O povo gostava. Era bonitinho duas crianças gordinhas e simpáticas cantando sertanejo. Eu tinha seis anos e queria agradar minha mãe e meu pai. Retribuir tudo que eles sempre fizeram por mim e pelas minhas irmãs. Então, eu cantava. E cantei durante um tempo. Até começar o desejo de cantar outras coisas. Eu ouvi minha prima ouvindo Marisa Monte e quis conhecer mais. E então ela também me apresentou Kid Abelha, Paralamas do Sucesso eu fui querendo conhecer mais e mais, mais. E quando vi, eu gostava muito de música. Depois veio Chico Buarque, Milton Nascimento, Cartola, Oswaldo Montenegro... e me vi envolta a tudo isso. Virou necessidade ouvir e conhecer mais.
Eu era frequentadora das bibliotecas das escolas. Como eu gostava de saber! Como eu gostava de sonhar! Como eu gostava de ler! E eram nos livros que eu conseguia isso. Ganhei meu primeiro livro aos 10 anos de idade, da minha tia: - O Menino Marrom.
Enquanto o sonho de toda criança era ganhar bicicletas e vídeo games, eu queria a BARSA, lembram? A coletânea de livros que meu pai, depois de muito esforço, conseguiu comprar uma genérica. Nossa! Que dia feliz!
Comecei a escrever muito cedo, também. Mas era já uma válvula de escape. Eu precisava desabafar. Nas aulas de redação na escola eu fazia uma redação para a Ana Paula, outra para a Daninha e uma para mim. Uma vez, fiz uma para um paquerinha, no auge dos meus 13 anos. Ele venceu um concurso de redação e nem me deu obrigada. (risos) E eu não me importei pela falta do obrigada. Embora minha mãe tivesse me ensinado a agradecer a tudo e a todos, seja pela mínima de gentileza que me fizessem, ela me ensinou também que, na vida, muita gente não sabe fazer isso ainda, mas, pode aprender. Minha mãe me ensinou a acreditar no outro. A acreditar que todo mundo pode ser melhor e que isso, muito depende de nós, de como tratamos as pessoas.
Depois a vida foi colocando pessoas no meu caminho. Um monte de gente especial. Um monte de gente admirável e que eu fui tomando como exemplos. Gente que carrega brilha no olhar, amor no coração e que a gente vê luz, a quilômetros de distância. Os professores, sempre foram meus exemplos. Cida Prósperi, professora de português! Como eu amava ver aquela mulher falando do que ela leu na noite anterior. Nancy Tiso, professora de história: - ela tinha uma sagacidade e falava com uma desenvoltura e uma propriedade sobre história que me fascinava. Joaquim, professor de matemática que nos dava alguns minutos para ouvirmos dele um pouco sobre “ser” humano. Depois os líderes por onde trabalhei e pessoas que encontrava vez ou outra. Mas, sempre tive sede de saber de tudo. Então eu ouvia, eu observava, eu analisava, eu sentia, admirava e tentava replicar os atos que me encheram os olhos e o coração. Aí vieram os filmes: - Amélie Poulain, como eu quero ter a tua sabedoria ingênua e pura.
E aí eu fui conhecendo músicos, artistas, gente bonita e louca, entregue e fui admirando tudo isso. Adriana Galo, uma artista plástica de Varginha, que renuncia todos os dias um pouco de si para se doar ao mundo, de alguma forma, através das suas histórias, suas pinturas e envolveu uma família inteira num projeto perfeito: fazer do mundo um lugar mais bonito. Eu acredito em gente assim. Eu gosto de acreditar em gente assim.
Eu gosto de gente. Não vou deixar de gostar porque uma ou outra vai me decepcionar, vai brigar comigo, vai me humilhar. Eu gosto porque eu sou um pouco de todos que passaram por mim. E até os que me fizeram algum mal, eu bem notei, passou e me fez um pouco melhor.
 A arte? Não tem a ver com classes sociais e, menos ainda, com conchavos políticos. Tem a ver com a alma. Com a expressão de um povo ou de um único indivíduo que se expressa de alguma forma. É a sensibilidade do olhar e ser visto. É ser sentido, ás vezes, sem ser notado.
Eu acredito que existem pessoas que fazem algo pura e simplesmente pelo fato de acreditarem estar fazendo algo bom para os outros. Ou, apenas por fazer acontecer.
A cultura? Não é ouvir Chico Buarque, recitar Leminski e interpretar Picasso. Pagode? Quem disse que não é cultura? Cultura é o conjunto de manifestações artísticas, sociais, linguísticas e comportamentais d eum povo ou civilização. 

Ainda não sei como vim parar aqui.