Cor, Alegria e Amor

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terça-feira, 4 de junho de 2013

Arte, Cultura, Música e Eu

Arte, Música, Cultura e Eu

Eu não sei como vim parar aqui.
Tenho os melhores pais do mundo. Nunca me deixaram faltar nada que era necessário. Eu tive amor, afeto, carinho, atenção... Ensinaram-me a ter fé em mim, na vida e a ter força, coragem e nunca deixar que um tombo me fizesse parar. Me ensinaram a respeitar o outro como eu os respeitava. Ainda chamo professoras e professores de senhor e senhora, cedo meu lugar aos mais velhos e pego o lixo que jogam no chão. Olho nos olhos de quem eu trato. Dou bom dia, boa tarde, boa noite e não faço distinção. Foi assim que meus pais me ensinaram e com exemplos. Porque, embora eles não tenham nem o segundo grau, eles têm a sabedoria do amor. De tratar as pessoas com a entrega e carinho que eles desejariam ser tratados.
Desde muito pequena eu gostava de histórias. E, embora meu pai nunca tenha lido um livro inteiro, ele me contava as melhores histórias do mundo. E foi nestas histórias que ele me ensinava a sonhar. Meu pai é pedreiro e o trabalho nunca foi muito leve.  Sempre carregou calos nas mãos. Tem frisas na testa de esconder o olhar do sol. Ele me ensinou a admirar o trabalho. A ter orgulho de ter cansaço depois de um dia trabalhado.
Minha mãe é puro sonho. Ela tem nos olhos um mundo de magia e encantamento. Não há quem não se apaixone por ela. Ela tem orgulho até do dedinho do nosso pé. É uma mãe coruja. Uma mãe leoa. Um ser humano que nunca enxergou cor ou classe social em ninguém. Ela tem o dom de ver o coração. Ela cuida de mim, das minhas irmãs, do meu pai, da minha sobrinha, dos primos, primas, tias, tios e de quem mais precisar.  Ela não tem grades. Se mostra. Abre a porta de casa, da vida, coloca estranhos na mesa, alimenta com a comida mais temperado de amor do mundo e suspira feliz, por ter visto felicidade no olho do outro. Minha mãe é uma artista, embora ela não saiba. Já li cartas de amor dela para o meu pai e parece coisa de Vinícius.
Um dia meus pais cismaram que eu cantava. E minha mãe, que nunca foi de ficar parada, me colocou para cantar com minha irmã. E nos saíamos bem. O povo gostava. Era bonitinho duas crianças gordinhas e simpáticas cantando sertanejo. Eu tinha seis anos e queria agradar minha mãe e meu pai. Retribuir tudo que eles sempre fizeram por mim e pelas minhas irmãs. Então, eu cantava. E cantei durante um tempo. Até começar o desejo de cantar outras coisas. Eu ouvi minha prima ouvindo Marisa Monte e quis conhecer mais. E então ela também me apresentou Kid Abelha, Paralamas do Sucesso eu fui querendo conhecer mais e mais, mais. E quando vi, eu gostava muito de música. Depois veio Chico Buarque, Milton Nascimento, Cartola, Oswaldo Montenegro... e me vi envolta a tudo isso. Virou necessidade ouvir e conhecer mais.
Eu era frequentadora das bibliotecas das escolas. Como eu gostava de saber! Como eu gostava de sonhar! Como eu gostava de ler! E eram nos livros que eu conseguia isso. Ganhei meu primeiro livro aos 10 anos de idade, da minha tia: - O Menino Marrom.
Enquanto o sonho de toda criança era ganhar bicicletas e vídeo games, eu queria a BARSA, lembram? A coletânea de livros que meu pai, depois de muito esforço, conseguiu comprar uma genérica. Nossa! Que dia feliz!
Comecei a escrever muito cedo, também. Mas era já uma válvula de escape. Eu precisava desabafar. Nas aulas de redação na escola eu fazia uma redação para a Ana Paula, outra para a Daninha e uma para mim. Uma vez, fiz uma para um paquerinha, no auge dos meus 13 anos. Ele venceu um concurso de redação e nem me deu obrigada. (risos) E eu não me importei pela falta do obrigada. Embora minha mãe tivesse me ensinado a agradecer a tudo e a todos, seja pela mínima de gentileza que me fizessem, ela me ensinou também que, na vida, muita gente não sabe fazer isso ainda, mas, pode aprender. Minha mãe me ensinou a acreditar no outro. A acreditar que todo mundo pode ser melhor e que isso, muito depende de nós, de como tratamos as pessoas.
Depois a vida foi colocando pessoas no meu caminho. Um monte de gente especial. Um monte de gente admirável e que eu fui tomando como exemplos. Gente que carrega brilha no olhar, amor no coração e que a gente vê luz, a quilômetros de distância. Os professores, sempre foram meus exemplos. Cida Prósperi, professora de português! Como eu amava ver aquela mulher falando do que ela leu na noite anterior. Nancy Tiso, professora de história: - ela tinha uma sagacidade e falava com uma desenvoltura e uma propriedade sobre história que me fascinava. Joaquim, professor de matemática que nos dava alguns minutos para ouvirmos dele um pouco sobre “ser” humano. Depois os líderes por onde trabalhei e pessoas que encontrava vez ou outra. Mas, sempre tive sede de saber de tudo. Então eu ouvia, eu observava, eu analisava, eu sentia, admirava e tentava replicar os atos que me encheram os olhos e o coração. Aí vieram os filmes: - Amélie Poulain, como eu quero ter a tua sabedoria ingênua e pura.
E aí eu fui conhecendo músicos, artistas, gente bonita e louca, entregue e fui admirando tudo isso. Adriana Galo, uma artista plástica de Varginha, que renuncia todos os dias um pouco de si para se doar ao mundo, de alguma forma, através das suas histórias, suas pinturas e envolveu uma família inteira num projeto perfeito: fazer do mundo um lugar mais bonito. Eu acredito em gente assim. Eu gosto de acreditar em gente assim.
Eu gosto de gente. Não vou deixar de gostar porque uma ou outra vai me decepcionar, vai brigar comigo, vai me humilhar. Eu gosto porque eu sou um pouco de todos que passaram por mim. E até os que me fizeram algum mal, eu bem notei, passou e me fez um pouco melhor.
 A arte? Não tem a ver com classes sociais e, menos ainda, com conchavos políticos. Tem a ver com a alma. Com a expressão de um povo ou de um único indivíduo que se expressa de alguma forma. É a sensibilidade do olhar e ser visto. É ser sentido, ás vezes, sem ser notado.
Eu acredito que existem pessoas que fazem algo pura e simplesmente pelo fato de acreditarem estar fazendo algo bom para os outros. Ou, apenas por fazer acontecer.
A cultura? Não é ouvir Chico Buarque, recitar Leminski e interpretar Picasso. Pagode? Quem disse que não é cultura? Cultura é o conjunto de manifestações artísticas, sociais, linguísticas e comportamentais d eum povo ou civilização. 

Ainda não sei como vim parar aqui. 

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