Eu quis apagar as minhas fotos, uma a uma. Até as que não
estávamos juntos: - me incomodava te ver ali, no meu sorriso, no meu olhar, no
meu mundo e toda esta tua ausência batendo palmas para o meu futuro.
Pouco a pouco e, não pela primeira vez, fui remoendo o
passado, ainda presente. Eu senti angústia, senti saudade, me senti perdida e
não te senti, de propósito, mesmo.
Pensei em me fartar de tudo isso, para ver se, enfim, me
perca e me esqueça. E, quem sabe, enfim, eu me perdoe pelo fracasso de te sentir quando
me pego distraída e pela fraqueza de não te resistir. Quem sabe, então, eu não
me puna nunca mais com um passado latente e sempre presente, e consiga, enfim,
seguir em frente... Muitos “entes” entre outros muitos “enfim”... E nada, nada, nada é
definitivo.
Rezo, oro, medito, penso, repenso, reflito, transmito,
repito e insisto nos “porquês”, “por enquanto”, “um dia” e no “vai dar tudo
certo”. E dá. Mas, até então, não foi comigo.
Eu apaguei as fotos. Minhas, suas, nossas e tantas outras
que me lembravam teu cheiro, tua doçura
e tua graça.
Me perdoo, não me condeno e me prometo seguir. Não sei se em
frente, já que segui sempre nesta direção e você insistiu em ficar no meio do
caminho. Então, dou a volta por cima, por baixo e vou lado a lado.
Parto, em prantos como quem nasceu agora. Parto para não voltar.
Débora Andrade