A minha vida estava em paz. Eu estava suspirando pouco,
escrevia quase nada sobre amor e andava questionando suas razões. De mar
cheio de ondas, minha vida havia se transformado em um rio de águas profundas e
calmas.
E foi então que eu fui te reencontrar. E dentro de mim você
nunca andou sumido. Eu havia te guardado em um lugar avesso, para que eu
acreditasse que era mais um na minha história. Mas, não era. E bastou a minha
pele tocar a sua, para que você saísse deste avesso, tão passado e causasse
todo este rebuliço que hoje, impera em mim. Estou, fatalmente, apaixonada. E,
outra vez, é por você.
Já estava acostumada com as dificuldades da nossa história.
Dez ou cem obstáculos, eu já sabia antes mesmo de te tocar. A minha facilidade em falar, a tua dificuldade
em se abrir. E a minha ânsia e desespero em te cuidar e toda a tua facilidade
em sumir. E outra vez eu quero te cuidar, te abraçar, te sentir. E todo teu
mistério que cabe no teu silêncio, se desvenda um pouco no abraço, no olhar, na
respiração que temos ao nos consumir.
Temo. E não é pouco. Pelo medo, pelo falta de ousadia, pelo orgulho
e pela covardia. E, mais uma vez, empatarmos a história que deveria ser de
muita alegria.
Temo. E não é pouco. Em, de repente, me ver obrigada a te
guardar outra vez no avesso. E ter que suportar e demonstrar alegria, ao te ver
por aí, sem mim, em outra companhia.
Temo. E este é muito. Que o tempo passe e nos esqueça por
aqui, perdidos... Suportaríamos outra
vez. Sobreviveríamos. Mas, na incompletude, trilharíamos um sonho a
um, quando deveria ser a dois. Eu e você. Você e eu.
Débora Andrade
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