Terminei o dia revendo, do alto, o pôr do sol. O céu, naquele mesmo tom avermelhado, como se estivesse sendo pintado de amor através dos nossos olhos. Mas, eu estava só. E no peito, o peso dos dias que se foram, misturados a acidez dos dias que virão. Sombrios, frios, distantes.
Refiz meus pontos. Restaurei a alma. Suspirei o vazio, abrindo as mãos, acenando adeus, à Deus. Como um pedido encarecido de atenção dos céus, para que meu olhar reflita do alto o avermelhado de amor. E que a face molhada das lágrimas, seja recriada com um sorriso sereno, de quem não desacredita que o amor é sinônimo de felicidade. Que nele haverá sempre compreensão, respeito, coragem. E que os limites impostos, não podem ser mais do que provação para nos afirmar que podemos mais. E que somos, realmente, o que desejamos ser.
Refiz aqui dentro, nossos finais. Foram tantos, sempre retaliados e refeitos, com reticências. A vida se encarregou de nos trazer as provas, as mostras, os sinais de que era para ser. Mas, eu me acostumei com o seu "mas". E me forcei a acreditar que eu não sabia de tudo, principalmente, que este mas era parte sua e que você nunca se dispôs a deixá-lo. Eu cultivei a sua fé, a sua força, apontando seus traços de coragem. Enquanto você cultivava a mesmice das covardias diárias, sem repensar no amor como o maior combatedor do medo. Não é preciso coragem se há amor.
Ao pôr do sol, me despedi das reticências. Guardo aqui os lugares por onde passamos, os gestos, os fatos, os atos, o sentir. Há coragem para isso. Vou restabelecendo a fé. Recriando amor em mim. Enquanto você ainda dança na corda bamba, sem saber o que é, de fato, ser você mesmo.
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